quinta-feira, 10 de junho de 2010

Eduardo Galeano



“Na parede de um botequim de Madri, um cartaz avisa: Proibido cantar. Na parede do aeroporto do Rio de Janeiro, um aviso informa: É proibido brincar com os carrinhos porta-bagagem. Ou seja: Ainda existe gente que canta, ainda existe gente que brinca”

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O medo seca a boca, molha as mãos e mutila.
O medo de saber nos condena a ignorância; o medo de fazer
nos reduz à impotência.
A ditadura militar, medo de escutar, medo de dizer, nos converteu
em surdos e mudos.
Agora a democracia, que tem medo de recordar, nos adoece na amnésia;
mas não se necessita ser Sigmund Freud para saber que não existe tapete
que possa ocultar a sujeira da memória.
(Livro dos Abraços)